• 27 de abril de 2021
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Em meio à pandeia da covid-19, ruas do São Luís são tomadas de apelos por comida e emprego

FOME: Desempregado, o ajudante de carpinteiro José Cícero Santos exibe pelas ruas um cartaz com pedido de comida para a família

“Preciso de alimentos para meus filhos”, diz Raimundo Moreira, 42 anos, ajudante de carpinteiro, numa rua do bairro Calhau, em São Luís. “Estou com fome, ajude, obrigado, paz”, afirma Adriana Lopes, 32, sem profissão, em um canteiro do bairro Vinhais. “Por favor, ajude a comprar uma caixa térmica para trabalhar. Deus abençoe”, pede Jorge Lisboa, 39, camelô, no bairro do Cohatrac. “Estou desempregado, me ajude”, suplica Marcio Mendes, 23, jardineiro, num semáforo da Avenida Jeronimo de Albuquerque. Com o agravamento da pandemia de covid-19, cruzamentos movimentados da capital maranhense são os locais escolhidos por moradores de rua ou desempregados para gritar por socorro, com mensagens transmitidas em pedaços de papelão. Um clamor silencioso para que motoristas, mesmo com vidros fechados de seus carros, ouçam o apelo por comida e emprego.

Cresce o número de pessoas que moram nas ruas ou estão desempregadas e vão para os semáforos pedir ajuda

“Faz oito meses que vim morar na rua. Durmo numa calçada perto de um supermercado. Trabalhava como camelô no Centro, mas desde que começou a pandemia e as lojas foram passaram um tempo fechando ficou cada dia mais difícil para sobreviver. Escolhi vir pro Cohatrac porque aqui o pessoal ajuda mais. Ganho roupa, comida. O ruim é não dormir direito, tem que ficar vigilante para não acontecer nada”, diz Jorge.

“Tenho quatro filhos. O desemprego me fez vir para o sinal pedir ajuda”, conta o ajudante de carpinteiro, Raimundo Moreira. “Arrumo 10, 20, 30 reais. Algumas pessoas dão alimentos. Tenho medo de pegar esse vírus, mas fazer o quê? Antes da pandemia eu fazia bicos com carpintaria. Agora não aparece trabalho. O que eu mais queria era um emprego”, afirma.

SOLIDARIEDADE

Diante do quadro de necessidade extrema de muitas famílias, diversas entidades tem lançado campanhas para arrecadar e distribuir cestas básicas. Uma delas é a Associação Beatriz Silva Costa (ABESC), no Anjo da Guarda, que tem desenvolvido diversas atividades de apoio a famílias carentes da região Itaqui Bacanga “É grande a quantidade de pessoas que nos procuram em busca de alimentos, empregos e até dinheiro para comprar remédios”, destacou o presidente da Abesc, Elinaldo Vaconcelos. ” As ruas nunca deixaram de ter gente pedindo ajuda. Mas percebemos que está voltando a ficar mais cheia, principalmente de mulheres com crianças. É natural, com o aumento do desemprego. Essa campanha é uma forma de diminuir o sofrimento das pessoas que perderam seus empregos, que não podem trabalhar na pandemia, que estão de fato passando necessidades”, comenta.

Diante de tantas pessoas com fome, Elinaldo, que também é epresario, decidiu arregaçar as mangas e começou a buscar parceiros para distribuir as cestas e hoje já são centenas de famílias atendidas.

“Mapeamos algumas comunidades para entregar cestas básicas. Tudo com doações”, conta Elinaldo. “De dois meses para cá a situação está gritante. Cresceu assustadoramente o número de pedintes nas ruas”, atesta. “Só temos visto crescer a lista de famílias para atender e não temos como fazer. É de cortar o coração, das lágrimas descerem. Mas se Deus quiser vai chegar ajuda”, diz o empresário.

Além de alimentos, o grupo precisa de doações de sabonete, máscaras e água mineral. “Muitas vezes as pessoas que estão na rua dizem ‘me dê pelo menos água’. Porque nem sempre chega água mineral para eles tomarem”, informa.

O que doar:

Alimentos não perecíveis (avulsos ou em cestas básicas)

Produtos de limpeza

Produtos de higiene pessoal

Água mineral

Álcool a 70°

Onde doar:

* Associação Beatriz Silva Costa

Rua Inglaterra, 10, Anjo da Guarda.

Contato: (98) 988549481

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